Páginas

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O Samba nunca foi de arruaça

Iphan declara samba carioca patrimônio cultural do Brasil

Nelson Sargento não precisa mais se preocupar. A partir desta terça-feira (9), o samba pode agonizar o quanto for, que não corre o risco de morrer. O Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) declarou oficialmente o samba carioca como Patrimônio Cultural do Brasil, com base em três matrizes: partido alto, samba de terreiro e samba-enredo.

“É uma maravilha. O samba merece. É a música mais representativa do Brasil”, empolgou-se a cantora Beth Carvalho, lembrando que o feito já havia acontecido com o samba de roda da Bahia.

O bamba Arlindo Cruz , apesar de satisfeito com a novidade, acredita que a decisão demorou mais do que devia para ter sido tomada. “O samba é a trilha sonora da maior festa popular do mundo. Como sambista, acho boa a idéia, mas isso já devia ter sido feito há mais tempo”, pondera.

---
Sim, demorou. Mas antes tarde do que nunca.

O samba nunca foi de arruaça
Quem sabe é Carlos cachaça, testemunha ocular
Ele viu nos tempos de menino
Com Cartola e Marcelinho
Coisas de fazer chorar
Existia um certo preconceito
Que nos tirava o direito de sambar com liberdade
Mas apesar do preconceito
O sucesso era perfeito
Quando o samba ia pra cidade

Certos sambistas de agora
Não sabem que outrora o samba sofreu
(O samba sofreu)
Desconhecem o passado
Que lhe deu o apogeu
Dizem que pagode é moda, o samba de roda
O partido alto
Mas isso já vem da antiga
A onda de briga é coisa do asfalto

O samba...

(Zeca Pagodinho, O samba nunca foi de arruaça)


O samba, o forró, a roda baiana. Tudo é patrimônio cultural brasileiro. E tudo tem que ter a sua proteção imaterial.

Sim, gostei da notícia. Fiquei satisfeito em saber que um ritmo por mim ouvido desde os meus mais remotos tempos de criança hoje tem algum valor cultura.

ESCUTEM: daqui a alguns longos anos, será a vez do funk. Hoje, marginalizado e ridicularizado. Amanhã, patimônio dos morros cariocas. Porque tudo é manifestação cutural, caceta. E só porque você não gosta não quer dizer que não tenha seu valor. Ou vai me dizer que todo brasileiro adooooora samba? Só porque é brasileiro? Ridículo afirmar isso!

Mas fica o registro. E a homenagem a quem, em tempos mais remotos, sofreu uma puta e deslavada discriminação. Toma aê, burguesia!

Post dedicado ao meu amigo Bernardo Alves Moraes de Souza.

Um comentário:

Cind Canuto disse...

"não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito de samba e samba pra gente sambar"
e outra: "pobre samba meu, volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu, pra não ser um samba com nota de mais, não ser um samba torto pra frente e pra trás, vai ter q se virar pra poder se livrar da influência do jazz"... aí o samba andava morrendo, mas a gente bem sabe que ele num ia morrer, e não vai mais, então. boa notícia, e que venha o funk