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domingo, 16 de agosto de 2009

E o país sem racismo, CADÊ?

Homem negro espancado, suspeito de roubar o próprio carro

Por Notícia da agência Afropress em 14/08/2009 às 12:40


Tomado por suspeito de um crime impossível - o roubo do seu próprio carro, um EcoSport da Ford - o funcionário da USP, Januário Alves de Santana, 39 anos, foi submetido a uma sessão de espancamentos com direito a socos, cabeçadas e coronhadas, por cerca de cinco seguranças do Hipermercado Carrefour, numa salinha próxima à entrada da loja da Avenida dos Autonomistas, em Osasco. Enquanto apanhava, a mulher, um filho de cinco anos, a irmã e o cunhado faziam compras.

A direção do Supermercado, questionada pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP, afirma que tudo não passou de uma briga entre clientes.

O caso aconteceu na última sexta-feira (07/08) e está registrado no 5º DP de Osasco. O Boletim de Ocorrência - 4590 - assinado pelo delegado de plantão Arlindo Rodrigues Cardoso, porém, não revela tudo o que aconteceu entre as 22h22 de sexta e as 02h34 de sábado, quando Santana - um baiano há 10 anos em São Paulo e que trabalha como Segurança na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, há oito anos - chegou a Delegacia, depois de ser atendido no Hospital Universitário da USP com o rosto bastante machucado, os dentes quebrados.

Ainda com fortes dores de cabeça e no ouvido e sangrando pelo nariz, ele procurou a Afropress, junto com a mulher - a também funcionária do Museu de Arte Contemporânea da USP, Maria dos Remédios do Nascimento Santana, 41 anos - para falar sobre as cenas de terror e medo queviveu. "Eu pensava que eles iam me matar. Eu só dizia: Meu Deus".

Santana disse pode reconhecer os agressores e também pelo menos um dos policiais militares que atendeu a ocorrência - um PM de sobrenome Pina. "Você tem cara de que tem pelo menos três passagens. Pode falar. Não nega. Confessa, que não tem problema", teria comentado Pina, assim que chegou para atender a ocorrência, quando Santana relatou que estava sendo vítima de um mal entendido.

Depois de colocar em dúvida a sua versão de que era o dono do próprio carro, a Polícia o deixou no estacionamento com a família sem prestar socorro, recomendando que, se quisesse, procurasse a Delegacia para prestar queixa.


Terror e medo

"Cheguei, estacionei e, como minha filha de dois anos, dormia no banco de trás, combinei com minha mulher, minha irmã e cunhado, que ficaria enquanto eles faziam compra. Logo em seguida notei movimentação estranha, e vi dois homens saindo depressa, enquanto o alarme de umamoto disparava, e o dono chegava, preocupado. Cheguei a comentar com ele: "acho que queriam levar sua moto". Dito isso, continuei, mas já fora do carro, porque notei movimentação estranha de vários homens, que passaram a rodear, alguns com moto. Achei que eram bandidos quequeriam levar a moto de qualquer jeito e passei a prestar a atenção", relata.

À certa altura, um desses homens - que depois viria a identificar como segurança - se aproximou e sacou a arma. Foi o instinto e o treinamento de segurança, acrescenta, que o fez se proteger atrás de uma pilastra para não ser atingido e, em seguida, sair correndo em zigue-zague, já dentro do supermercado. "Eu não sabia, se era Polícia ou um bandido querendo me acertar", contou.

Os dois entraram em luta corporal, enquanto as pessoas assustadas buscavam a saída. "Na minha mente, falei: meu Deus. Vou morrer agora. Eu vi essa cena várias vezes. E pedia a Deus que ele gritasse Polícia ou dissesse é um assalto. Ele não desistia de me perseguir. Nós caímos no chão, ele com um revólver cano longo. Meu medo era perder a mão dele e ele me acertar.

Enquanto isso, a mulher, a irmã, Luzia, o cunhado José Carlos, e o filho Samuel de cinco anos, faziam compras sem nada saber. "Diziam que era uma assalto", acrescenta Maria dos Remédios.

Segundo Januário, enquanto estava caído, tentando evitar que o homem ficasse em condições de acertar sua cabeça, viu que pessoas se aproximavam. "Eu podia ver os pés de várias pessoas enquanto estava no chão. É a segurança do Carrefour, alguém gritou. Eu falei: Graças a Deus, estou salvo. Tô em casa, graças a Deus. Foi então que um pisou na minha cabeça, e já foi me batendo com um soco. Eu dizia: houve um mal entendido. Eu também sou segurança. Disseram: vamos ali no quartinho prá esclarecer. Pegaram um rádio de comunicação e deram com força na minha cabeça. Assim que entrei um deles falou: estava roubando o EcoSport e puxando moto, né? Começou aí a sessão de tortura, com cabeçadas, coronhadas e testadas", continuou.


Sessão de torturas

"A sessão de torturas demorou de 15 a 20 minutos. Eu pensava que eles iam me matar. Eu só dizia: Meu Deus, Jesus. Sangrava muito. Toda vez que falava "Meu Deus", ouvia de um deles. Cala a boca seu neguinho. Se não calar a boca eu vou te quebrar todo. Eles iam me matar de
porrada", conta.

Santana disse que eram cerca de cinco homens que se revezavam na sessão de pancadaria. "Teve um dos murros que a prótese ficou em pedaços. Eu tentava conversar. Minha criança está no carro. Minha esposa está fazendo compras, não adiantava, porque eles continuaram batendo. Não desmaiei, mas deu tontura várias vezes. Eu queria sentar, mas eles não deixavam e não paravam de bater de todo jeito".

A certa altura Januário disse ter ouvido alguém anunciar: a Polícia chegou, sendo informada de que o caso era de um negro que tentava roubar um EcoSport. "Eles disseram que eu estava roubando o meu carro. E eu dizia: o carro é meu. Deram risada."


A Polícia e o suspeito padrão

A chegada da viatura com três policiais fez cessar os espancamentos, porém, não as humilhações. "Você tem cara de que tem pelo menos três passagens. Pode falar. Não nega. Confessa que não tem problema", comentou um dos policiais militares, enquanto os seguranças desapareciam.

O policial não deu crédito a informação e fez um teste: "Qual é o primeiro procedimento do segurança?". Tonto, Januário, Santana disse ter respondido: "o primeiro procedimento é proteger a própria vida para poder proteger a vida de terceiros".

Foi depois disso que conseguiu que fosse levado pelos policiais até o carro e encontrou a filha Ester, de dois anos, ainda dormindo e a mulher, a irmã e o filho, atraídos pela confusão e pelos boatos de que a loja estava sendo assaltada. "Acho que pela dor, ele se deitou no chão. Estava muito machucado, isso tudo na frente do meu filho", conta Maria dos Remédios.


Sem socorro

Depois de conferirem a documentação do carro, que está em nome dela, os policiais deixaram o supermercado. "Daqui a pouco vem o PS do Carrefour. Depois se quiserem deem queixa e processem o Carrefour", disse o soldado.

Em choque e sentindo muitas dores, o funcionário da USP conseguiu se levantar e dirigir até o Hospital Universitário onde chegou com cortes profundos na boca e no nariz. "Estou sangrando até hoje. Quando bate frio, dói. Tenho medo de ficar com seqüelas", afirmou.

A mulher disse que o EcoSport, que está sendo pago em 72 parcelas de R$ 789,00, vem sendo fonte de problemas para a família desde que foi comprado há dois anos. "Toda vez que ele sai a Polícia vem atrás de mim. Esse carro é seu? Até no serviço a Polícia já me abordaram. Meu Deus, é porque ele é preto que não pode ter um carro EcoSport?", se pergunta.

Ainda desorientado, Santana disse que tem medo. "Eu estou com vários traumas. Se tem alguém atrás de mim, eu paro. Como se estivesse sendo perseguido. Durante a noite toda a hora acordo com pesadelo. Como é que não fazem com pessoas que fizeram alguma coisa. Acho que eles matam a pessoa batendo", concluiu.

Fonte: Centro de Mídia Independente




Prefiro não comentar. Meu sangue já tá talhado o bastante para isso.

sábado, 15 de agosto de 2009

Vereadores de BH barram projeto de transparência

Os vereadores de Belo Horizonte fizeram uma manobra para não aprovar o projeto de lei que previa a divulgação da prestação de contas da câmara municipal na internet. O projeto precisava de 21 votos para ser aprovado, mas só teve 16 votos a favor e 8 abstenções. o resto dos vereadores não foram a sessão para evitar aprovação sem queimar seu filme votando
contra.

Abaixo está a lista dos vereadores que não foram a sessão para evitar a aprovação e os que se absteram e também os que foram favoravéis. Por favor, propaguem esses nomes para sabermos em quem devemos

ABSTENÇÕES
Edinho do Açougue (PTdoB)
Gêra Ornelas (PSB)
Gunda (PSL)
Geraldo Félix (PMDB)
Moamed Rachid (PDT)
Paulinho Motorista (PSL)
Preto (DEM)
Wellington Magalhães (PMN)

AUSENTES
Luzia Ferreira (PPS)
Neusinha Santos (PT)
Carlos Henrique (PR)
Autair Gomes (PSC)
Alexandre Gomes (PSB)
Anselmo Domingos (PTC)
Henrique Braga (PSDB)
Leonardo Mattos (PV)
Bispo Chambarelle (PRB)
Elaine Matozinhos (PDT)
Luis Tibé (PTdoB)
Cabo Júlio (PMDB)
Divino Pereira (PMN)
Maria Lucia Scarpelli (PCdoB)
Leo Burguês (PSDB)
Hugo Thomé (PMN)
Adriano Ventura (PT)

FAVORÁVEIS
Alberto Rodrigues (PV)
Arnaldo Godoy (PT)
Bruno Miranda (PDT)
Fred Costa (PHS)
Iran Barbosa (PMDB)
João Locadora (PT)
João Oscar (PRP)
João Vitor Xavier (PRP)
Pablito (PTC)
Paulo Lamac (PT)
Pricila Teixeira (PTB)
Elias Murad (PSDB)
Preto do Sacolão (PMDB)
Ronaldo Gontijo (PPS)
Sergio Fernando (PHS)
Silvinho Rezende (PT)

Aos que votaram a favor, não fizeram mais do que a obrigação. Aos que se abstiveram, uma salva de vaias.


Mais info aqui.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Dica musical da semana: Curumin


Nascido em São Paulo no ano de 1976, descendente de japoneses e espanhóis, Luciano Nakata Albuquerque ganhou logo cedo o apelido de Curumin. Iniciou sua carreira musical por volta dos oito anos de idade quando formou sua primeira banda com colegas de escola, tocando panelas em substituição à bateria. Aos quatorze anos já tocava bateria e percussão em casas noturnas de São Paulo e aos dezesseis anos aprendeu sozinho a tocar teclado.

Como baterista, Curumin acompanhou grandes nomes da MPB, como Paula Lima (de 1997 à 2002), Arnaldo Antunes (de 1999 à 2005), Vanessa da Matta (2006) e CéU (2007), entre outros. Ainda na década de 1990 tocou com a Banda Toca ao lado do guitarrista e produtor Gustavo Lenza, com quem veio à produzir seus dois primeiros discos.

Em 2003 Curumin inicia sua carreira solo com o lançamento de seu primeiro disco entitulado “Achados e Perdidos” pelo selo YB Music no Brasil. Em 2005 este CD é lançado no mercado norte-americano pelo selo californiano Quannum Projects. Em 2008 Curumin lança seu segundo trabalho de estúdio - “JapanPopShow”, lançado simultaneamente no Brasil, pela YB Music, nos EUA pela Quannum Projects e no Japão pela JVC / Victor Entertainment.

“Um dos mais espertos jovens músicos de São Paulo, Curumin é um mestre tanto no funk americano quanto no brasileiro.”
Ben Ratcliff - The New York Times

Fonte: Urban Jungle


Eu conheci o Curumin ouvindo a Rádio UFMG Educativa, enquanto eu trabalhava na produção (entre fevereiro e julho de 2009). Sentia um suingue diferente, uma coisa nova, uma renovação musical que se confirmava, de certa forma.

Baixei os dois discos, o "Achados e Perdidos" e o "JapanPopShow". Vale a pena: em cada um, tem uma coisa que gosto.




Para dar um pequeno gosto, Curumin - Vem Menina (álbum Achados e Perdidos)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Jornalismo é uma "caixinha" de surpresas

Ei, amigos!

Andei pensando sobre o motivo de muita gente fazer Jornalismo. Uns por ter o rostinho bonito, outros pela vocação e outros... Por uma iluminação divina! É, isso mesmo.

Observem essa fabulosa entrevista de uma (fabulosa...) estudante:


Veja - Estudar Jornalismo a ajudará na carreira?
Daniela -
Claro. Eu fazia Direito. Desisti e pensei em entrar em Veterinária, porque amo animais. Também quis estudar Teatro. Acho legal cinema, ser atriz. Só que cineasta é só para quando for mais velha, com 30, 40 anos.

Veja - Mas como você foi parar no Jornalismo?
Daniela -
Eu estava tomando Toddynho no café-da-manhã. Na embalagem, tinha um negócio que explicava as profissões na linguagem de uma criança. O dessa era Jornalismo. Li e falei: "Caramba. É isso que tenho que fazer". Tem tudo a ver com ser modelo.

Fotolegenda: Daniela: descobriu sua vocação em um Toddynho


Como diria Zé Simão, é mole, mas sobe. Ou como diria o outro, é duro mas desce!

Ai, meu rins...

Graças ao PQN e ao Pérolas da Assessoria

Faz-me rir

Sabem... Andei pensando um pouco sobre uma discussão que há muito assombra o imaginário televisivo brasileiro: a questão do humor e suas variações.

Meu primeiro programa de humor favorito (desses que eu assistia todos os episódios) foi – e é até hoje – o Chaves, do SBT. Um humor que fazia você rir sem querer querendo. Bobo, fraco para alguns, mas que ainda conquista fãs e admiradores - seus personagens são fonte de inspiração para muitos de nós. Seu Madruga mesmo, que inclusive é nome de banda aqui em BH.

Com o tempo caminhando, fui tomando gosto pelo Casseta e Planeta (que hoje está mais fraco que barbante puído por cupim), pela A Praça É Nossa (laiá laiá...) e pelo Zorra Total. Você pode exclamar até um CREDO! por causa deste último. Mas isso é coisa de guri de 12 ou 13 anos.

Em 2003 ou 2005 (se não me falha a memória), comecei a assistir o Pânico. Já ouvia falar dos caras, de vez em quando punha na Jovem Pan pra ouvir, mas nunca tinha tido oportunidade para assistir o Pânico na TV por um simples motivo: eu frequentava o Protestantismo na época, e os cultos eram no mesmo horário do programa – 19 horas. Teve também um motivo pessoal para que eu não acompanhasse o programa desde o início: o receio do que meus pais poderiam pensar de eu ver um programa “ao nível do” Pânico. Imaginações e confabulações de um pobre menor com seus 16 ou 17 anos. Hoje, minha mãe é fã dos caras.

Comecei a ver o Pânico por causa, além da curiosidade inerente a mim, por causa da polêmica com o Vitor Fasano. (Mais info aqui.) Fiquei sabendo do acontecido via uma rádio daqui de Belo Horizonte, e fiquei na pilha para ver se, no domingo seguinte, eu veria cenas do murro do “ator” no Vesgo. Que o Fasano não tenha gostado da piada, isso é uma coisa – agredir é outra completamente diferente, né não, Netinho de Paula? E ali vi o nível das piadas. O nível que me atendia, que me satisfazia, que há muito tempo eu não via na televisão (a última tentativa ousada até então foi o Marcos Mion comandando o “Descontrole” na BAND; saudades do MONTINHÔÔÔÔ!) e que eu sentia falta. O padrão global da Zorra já era muito aquém pro meu gosto de humor.

E o Pânico me conquistava à medida que o tempo avançava. Recentemente, perdeu dois dos seus melhores integrantes (o Gluglu e o Mendigo, o Vinícius e o Carlinhos) para a emissora do Edir Macedo. Pensei que o programa poderia perder seu propósito, sua meta; mas qual foi a surpresa com a manutenção do padrão mesmo com a saída dos dois... Tio Emílio Zurita não ficou na mão – sem trocadilhos.

Só que, em 17 de março de 2008, estreava na Rede Bandeirantes uma nova atração. O “Caiga Quien Caiga”, um dos programas de grande sucesso da Argentina, chegava en tierras brasileñas sob o comando do adorado e temido Professor Tibúrcio, vulgo Marcelo Tas. (Vai me dizer que, à época de Rá-Tim-Bum, você não tinha medo daquela personagem gorda que aparecia do nada num cenário vazio e ainda dizia, medonhamente: “Olááá, crianças!”; mas era tão medonho que era divertido!) O CQC chegava, e eu me fascinava com aquele novo tipo de humor, jornalisticamente incorreto para alguns.

Sim, era um programa de jornalismo (é, diga-se de passagem) com toques de humor, ironia e sarcasmo. Quem que não se delicia ao ver o repórter inexperiente Danilo Gentili entrevistando Gretchen, Marcelinho Carioca ou (a minha entrevista favorita) o Padre Marcelo Rossi? O que dizer então da magnífica forma com a qual Rafinha Bastos conduz o Proteste Já? Eu acredito que muito jornalista gostaria de fazer do jeito que ele faz – porque tem hora que nós, jornalistas (ou cozinheiros, "cê ki sabe"), ficamos com o sapo entalado na garganta e não podemos fazer questionamentos mais profundos seja por questão de tempo da matéria, seja pelo direcionamento editorial da empresa na qual se trabalha. O humor estava conjugado com o jornalismo.

No ano passado, não assisti a apenas cinco de todos os CQCs que tivemos ano passado – tal era a minha vontade de ver e aprender mais com os caras. Só que, na faculdade onde estudei, a minha querida Universidade Federal de Minas Gerais (a UFMG), uma polêmica vinha à tona: o que é mais legal, CQC ou Pânico? Eu tinha um pouco de preguiça desse tipo de conversa – até pelo fato de o CQC ser mais universitariamente aceito e correto porque é o Tas no comando. E o Pânico é taxado como de humor inferior, de mau gosto etc.

Não faço aqui uma defesa do Pânico diante o CQC; o que quero dizer é que ambos os programas são deveras importantes para mim; justamente o fato de um não ter nada a ver com o outro. São dois humores distintos, cada um com o seu defeito. O Pânico bem que podia pegar um pouco mais leve, não exagerar em algumas atitudes (como o “Dicas com Marcos Chiesa”; coitado do Bola...); assim como o “Custe o Que Custar” precisa ser menos “Ponte Aérea Rio-São Paulo-Brasília” e tentar ver que existe um Brasil além dessas três cidades e estados. É, admito, a minha maior chateação com o CQC: o bairrismo.

Humores são humores, ironias também. Se na universidade o CQC é o “tchuki tchuki” dos estudantes e o Pânico é a ralé, essa comparação não deveria nem existir. Um pode aprender com o outro: o Pânico pode aprender a não ser muito escrachado demais e pegar na ironia e no sarcasmo moleque do CQC; e os homens de preto bem que poderiam absorver um pouco do Pânico para sempre se reformularem e nunca ficarem presos a um formato somente. Se não houver reciclagem nem de um e nem de outro, não há quem aguente. Televisão é igual sexo: quem não dá audiência perde para a concorrência.

E, se for para ter sempre mais do mesmo, eu fico com o Chaves – que, creio eu, é o tipo de humor que jamais se desgasta; os episódios se repetem, mas estamos nós lá, vidrados na telinha e sempre assistindo à ida da turma da vila a Acapulco. Não contavam com a astúcia do Bolaños!