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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Suplantando superficialidades com a virtualidade

Tem dias que eu me sinto mesmo um Jack Nicholson no Um Estranho no Ninho. Ou um Ivan de O Invasor. Mas é certo que o meu sentimento é de afastamento, de isolamento, de perceber que tem algo muito errado com essa porra de mundo.

Vejam o print da tela abaixo. Pode ser algo bem OLD, mas só hoje que eu vi.


Um site que agencia namoros fake. Namoros de fachada. Você PAGA para ter um script ou um fake na sua timeline escrevendo coisas só para incitar o ódio na sua ex.

Só duas palavras: meu Deus.



quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Graham Chapman Day (atrasado, mas ainda vale)

Se estivesse vivo, Graham Chapman faria 72 anos ontem, 8 de janeiro de 2013. Se você se pergunta quem é esse cara, digo-lhe que ele faz parte de uma trupe de humor nonsense que mudou o meu (non)senso de humor.

Eu já ouvia falar de Monty Python desde o segundo semestre de 2006, mas nunca tinha assistido nada. Amigos meus sempre comentavam, falavam bem, mas nunca tinha me dado um clique para saber do que se tratava. Em fevereiro de 2007, o falecido Centro de Cultura de Belo Horizonte, no Centro - hoje, Centro de Referência da Moda -, fez uma exibição de vários filmes de Monty Python. Curió como um pretenso jornalista que eu era (ainda cursava a graduação, indo para o quarto período), fui assistir a "Em Busca do Cálice Sagrado", sem muita expectativa - era mais a curiosidade pelo o que os outros falavam em relação ao grupo que me motivava me deslocar da Pampulha, do campus da UFMG, para o Centro.

Digo que não me arrependo.

Foi um dos melhores filmes que já vi na minha vida. Ria feito um bobo, um besta, um bocó, por todas as piadas nonsenses que lá apareciam e por todas as críticas à sociedade, reveladas com um inteligentíssimo bom humor. E, ao ver o filme, relacionei as piadas às brincadeiras e zuações que meus amigos e eu já fazíamos, à época de Colégio. Sim, a gente era Monty Python sem saber o que isso era. Principalmente pelo humor tosco, nonsense, viajado, pelas ideias desconexas que acabavam tendo sentido e pelas ideias com sentido que acabavam sendo desconexas.

Não digo que o sexteto britânico "mudou a minha vida", como um tanto de gente diz. Mudar, acho que não. Mas que me revelou um mundo além de A Praça É Nossa e Zorra Total, ah, isso com certeza. Eu já me via cansado desses programas humorísticos, mas não conhecia muita coisa além - eu não tinha, ainda, a delícia da banda larga em casa; por meio dela, saí fuçando os esquetes de Monty Python, e saí rindo feito besta. É muito simples e muito profundo o que eles fazem. Nada deles é rasteiro e simples.



Graham Chapman era um dos caras que compunham a trupe. No filme "Em Busca do Cálice Sagrado", é ele quem executa o papel do Rei Arthur, "filho de Uther Pendragon do Castelo de Camelot. Rei dos Bretões, vencedor dos Saxões, soberano sobre toda a Inglaterra". Se não tivesse falecido por complicações decorrentes de um câncer, Chapman estaria ainda com Clesse, Palin, Gilliam, Jones e Idle, o resto da turma.

Chapman é o único Monty Python que está morto. Mas não o Rei Arthur. Não os seus papeis nos outros filmes - que, estranhamente, não me marcaram tanto quanto o Cálice Sagrado; não que fossem menos importantes, nem que fossem mais ruins, muito pelo contrário! A Vida de Brian e O Sentido da Vida fazem críticas tão contundentes e violentamente insanas quanto o Cálice Sagrado, mas... sei lá, acho que o típico de crítica feito no Cálice - na verdade, a quem se dirige a crítica - é que me fez preferi-lo.

Para quem interessar, eis o filme completo:

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

"Vou te bater, Giovanna!"


E, de repente, a voz de uma mãe ecoa no banco logo atrás do meu no ônibus:

- Ah, não, Giovanna! Eu vou te bater!

Eu estava indo ao Centro pela manhã. Em cima do Viaduto da Lagoinha, a criança começou a passar mal e a golfar na mãe.

- É a segunda vez já que você faz isso! Toda vez que pega ônibus é isso!

A garota tem no máximo três anos - observei na hora que desci no meu ponto. A fala da mãe parece acusar a menina de sempre fazer isso de propósito. Em um momento no qual a guria de colo precisa de apoio, a mãe pensa na reprimenda "justa" e imediata.

- Agora, cê vai pro médico assim mesmo, toda suja!

O que me fez refletir sobre esse ofício deveras trabalhoso que é ser mãe, ser pai. Tudo bem que a mãe poderia ter ficado puta da vida com a menina passando mal dentro do ônibus e deixando o coletivo com aquele típico cheiro de leite talhado. Mas percebi uma reação exagerada da mãe com a filha.

- Vou te bater, Giovanna!

Fiquei com aquilo na cabeça. Ecoando. Essa frase aí em cima. Donde concluí que, realmente, não é qualquer pessoa que pode ser mãe ou pai, por mais que queira, por mais que deseje.

São em situações extremas como essa que se percebe o deslocamento de sentimentos. Em vez do apoio, a vontade de esganar; em vez de segurar a testa da menina para ajudá-la no vômito, age com alguma indiferença que está mais para a ignorância. Resultado disso é que a menina se suja, a mãe se suja, a acompanhante da mãe ao lado tem sua bolsa toda sujada. Mas está mais para a sujeira de espírito e de caráter que a bagunça do refluxo da garotinha.

- Vou te bater, Giovanna!

O cheiro de vômito infantil ficou disseminado no coletivo. Desci, olhei de relance para a menina. Rosto redondo, olhos amendoados, parecendo serem castanhos claros. A mãe tinha um físico magro, parecia (repito, parecia) ser adolescente ou uma jovem de 18, 19 anos. Seria uma impaciência juvenil contra um evento que lhe causa contragosto? Não quero buscar o motivo da reação dessa a quem atribuo a maternidade da criança - pode ser, pode não ser. Mesmo não sendo, essa mãe está mais para algoz do que para uma singela distribuidora de afeto.

E pensar que atos de tamanha nervosia infelizmente não são raros.