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sexta-feira, 7 de março de 2014

E para onde Beagá se MOVE?

É essa a pergunta que faço diante do falacioso mito do BRT-MOVE como salvação do transporte urbano em Belo Horizonte.

Há vários aspectos que eu poderia pegar aqui e discorrer sobre, mas vou me ater a um em especial que me deixou deveras incomodado: o fato de o princípio de funcionamento do MOVE não ser nada inédito.

A BHTRANS divulgou que o Move irá funcionar como ligação entre as estações-integração e as regiões Central e Hospitalar. No sábado, dia 8, três linhas começam a roda a partir da Estação São Gabriel - 83 Paradora, 83 Direta (que vão até o Centro) e 82 (que vai para os Hospitais).

Se você pegar o mapa de funcionamento do Move, vai ver claramente uma coisa: ele é unidirecional - só liga a estação-integração a uma região. O sistema não permite que haja comunicação inter-regional para além do que está proposto - quer um exemplo? Até agora eu não vi previsão de interligação entre estações-integração - entre São Gabriel e Pampulha, entre Pampulha e Vilarinho, entre Vilarinho e São Gabriel. E o que mais grita nos meus olhos: esse tipo de sistema já existe em Belo Horizonte desde a implementação das Estações BHBUS. Se você (diferentemente dos gestores e do presidente da BHTRANS, sr. Ramon César) anda de ônibus pela cidade, vai perceber uma grande semelhança entre o MOVE e o sistema atual vigente de conexão entre as BHBUS e as demais regiões da cidade.

O que 83P, 83D e 82 vão fazer, 61, 62, 63 e 64, na Estação Venda Nova, já fazem; 32, 33, 34 e 35, na Estação Barreiro, já fazem; 30, 3050, 3052 na Estação Diamante já fazem. A única coisa diferente é que os ônibus são articulados e possuem estações de transferência ao longo do caminho, em substituição aos tradicionais - porém não superados - pontos de ônibus.

Tem uma coisa diferente, sim: o MOVE custa 46 milhões de reais por metro.

E o doido do Márcio Lacerda já está pensando em expandir o sistema - que tem tudo para falhar. Porque é a reprodução pura e simples de algo que já existe, não é uma novidade. Lembro-me de 1998, quando houve a grande última mudança geral no transporte da cidade - com a criação das Linhas Perimetrais (de final 50 e de cor alaranjada), das Linhas Circulares/Alimentadoras regionais (de três números e amarelas) e com a mudança em grande parte da numeração das linhas antigas. Com três meses de antecedência, a BHTRANS teve a preocupação de mobilizar TODA A CIDADE para a grande mudança que ia acontecer.

Talvez seja esse o motivo de a BHTRANS e o SETRA, sindicato das empresas de ônibus, não terem se preocupado em comunicar com a cidade sobre o MOVE - ele não é nenhuma novidade mesmo...

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