Está um dia de calor angustiante em Belo Horizonte - quiçá, um dia, a capital (que antigamente tinha um clima agradável) chegue aos pés de Cuiabá e do interior do Maranhão. Angustiante também me encontro, haja vista um mundo acontecendo aos meus pés e eu não me dando conta de que preciso ficar em pé.
Mas, antes de ficar em pé, eu preciso olhar para o chão. E é no chão que se encontram vários ecossistemas - vivos, mortos ou degradados. É olhando para o chão que a gente às vezes faz um gesto de humildade, de reverência, de consternação. Olhe o chão da sua rua e veja quão variada é a biodiversidade dele.
No chão, você encontra mato, asfalto, ladrilhos, pedra portuguesa, restos de fezes humanas, lixos orgânicos e não orgânicos. E, olha só, há outros seres vivos que coabitam desse espaço.
Um deles é o Juarez. Um simpático cão que conseguiu uma casinha e comida. Ele foi adotado por taxistas no Centro do Rio de Janeiro. Mas Juarez tem um vizinho. Um vizinho nada importante, nada notório. Ninguém sabe o nome dele, nem o que ele é. Só se sabe que ele é um mendigo.
Isso mesmo, um mendigo. Sabe, essas coisas que aparecem do nada e enfeiam a cidade? Que ficam incomodando pedindo dinheiro ou comida? Sabe, esses entes desconhecidos, sem rumo?
Pois é. O cão tem um vizinho. O que o vizinho é, de onde vem, ninguém sabe. Ninguém quis saber.
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