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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Chegar no trabalho: uma conquista

Sete da manhã. O despertador toca. Eu insisto em não querer me lembrar que hoje é segunda, segunda brava, volta de feriado. Dormi pouco, cheguei de uma viagem a Brasília ontem 23h. Peguei as bagagens e, ao chegar no guichê da Expresso UNIR, para pegar o ônibus que desce até a Rodoviária, a moça me informa que o próximo Ônibus (23h15) já estava lotado. O próximo? 23h45. É de deixar qualquer pessoa que fez um trecho mais longo que o meu um bocado irritado. Como assim, chegada de feriado, a empresa não se dispõe de colocar pelo menos um carro extra, intermediário, para desafogar a demanda? Confins estava lotado, os táxis metropolitanos não estavam dando conta de tanta gente chegando, e a empresa, no alto do seu luxo, precariza quem necessita do transporte. Ela aproveita que é também concessionária da linha executiva (que é direta, vai até o Lourdes e custa duas vezes mais que a linha convencional) para quebrar as nossas pernas desse jeito.

Tomado o ônibus das 23h45, chegamos à Rodoviária meia-noite e quarenta. Havia uma fila gigante para tomar o táxi e ir embora. Ocupava todo o espaço do desembarque. Desisti, tomei um táxi lá fora. (E eu não sou de tomar táxi porque acho caro, ainda mais que desde semana passada a BHTRANS resolveu reajustar a bandeirada para mais de 4,00. Eu até poderia ter voltado de ônibus, mas o ponto, para quem está de malas, cansado e de madrugada na pista, é distante e a espera pelo Noturno poderia render pelo menos quarenta minutos). Cheguei em casa 1h15. (Se houvesse o ônibus da UNIR às 23h30, teria chegado em casa com mais rapidez. Mas isso são meros recalques, né mesmo, de quem usa transporte coletivo.)

Mas voltando ao dia de hoje. Acordei 7h, com um cansaço pesado e um humor retraído. Saio de casa 7h50 e o ônibus passa 7h55. Geralmente, no horário de pico eu gasto 30 minutos para chegar ao meu destino, o bairro Floresta. Às 8h, quase em ponto, o ônibus entra em um congestionamento que começa na região do Hospital Belo Horizonte. E assim vai. Quer dizer, e assim não vai.

Para andar cerca de 300 metros, gastei 30 minutos. Quando deu 9 horas, eu desisti. O ônibus ainda nem havia chegado ao Colégio Batista, a rua Pitangui estava toda engarrafada (ela é estreita e de mão dupla). Subi a pé, com o peso da mochila, a fim de pelo menos não perder a manhã no congestionamento.

Vim a pé, consegui chegar. Entrei no trabalho com um atraso de uma hora. Havia pessoas no ônibus que tinham compromisso além Centro às 9h, e nesse horário sequer saíramos do lugar. Estava tudo tão complicado que eu tive que andar para poder acabar de chegar. E cheguei. Se não, estaria lá, parado, chegando quiçá ainda no Colégio Batista ou algo que o valha.

No ônibus, uma senhora comentava que "tinha muito carro na rua". E tem mesmo: subindo a Pitangui a pé, dava para notar a quantidade de carros que transportavam somente uma pessoa. Eram vários. Me senti em Brasília, só que com morros e com bem menos estruturas. Belo Horizonte deseja se projetar como uma capital de vanguarda, mas acredito que seus gestores (e "prefeito") não saibam o significado dessa palavra. A diferença crucial que vi entre BH e BSB tem um nome: transporte metroviário.

Mas eu meio que desisti de bater nessa tecla porque se nem a BHTRANS se toca para essa necessidade, que dirá eu, mero reles cidadão comum que não entendo de Engenharia de Tráfego, mas entendo de Necessidades Urbanas? Fica fácil para o pessoal aí da empresa de trânsito pensar um transporte de dentro das cabines e gabinetes refrigerados. O dia que algum alto funcionário da BHTRANS precisar passar pelo o que nós passamos, aí a coisa funciona. Porque esperar que Márcio Lacerda vá colocar alguém como nós, que entendemos a situação do trânsito, para participar da gestão urbana, é muita utopia.

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