Há os jovens que estão na batalha do dia-a-dia, que acordam todos os dias e trabalham no sol, na chuva, no frio, no asfalto, no morro e garantem o mínimo da sobrevivência. E que, para além de garantir o próprio pão, batalham para conseguir o salve do resto da galera. Há uma pá de gente nessa condição que eu poderia citar, mas, para não fazer injustiça com quem eu porventura me esqueça, vou falar genericamente. São homens e mulheres, pretos, pardos, brancos, de origens diversas, que não estão meramente preocupados/as em guardar sardinha somente para a sua lata, mas de repartir o peixe entre todo mundo. É uma galera que visa pensar na coletividade, que está próximo de quem quer transformar para a melhor o mundo, a quebrada, a rua. Que quer promover a sociedade para o bem estar coletivo, não umbigoide. Se existe uma preocupação, é coletiva e repartida; é coletivizada e priorizada; ela critica, quer melhorar o mundo, é utópica e pragmática ao mesmo tempo.
Bloco das Pretas, coletivo de feministas negras de Belo Horizonte que usam o batuque como denúncia ao racismo, ao machismo e à misoginia. |
Já tem outros que se aproveitam do berço para arrotar competência. Boa parte da vida foi repleta de completude, de bonança e bem-aventurança (não apenas no sentido cristão, óbvio). Há a juventude que se cola no discurso de querer representar a todos e a todas, mas se incomoda de ter que sair do ar condicionado para ir à batalha. São jovens que fazem a agenda de outros jovens não na rua (como provoca o prof. Paulo Carrano), mas nos ares condicionados. São jovens que se vestem, ou melhor, se travestem de descolados, mas representam o duro conservadorismo de suas respectivas linhagens. A Turma do Chapéu é um notório exemplo disso. De uma juventude descolada de uma sensibilidade social, que vive numa bolha limpa e cheirosa, repleta de "sucesso" e meritocracia. De uma galera que galga altos postos nas instâncias políticas por causa de quens-indicam. De um povo, digo, de uma galera, melhor dizendo, de uma turma que esquece das demandas reais das juventude. Essa turma não me representa.
Gabriel Azevedo, outrora membro da JPSDB-BH, mas ainda da Turma do Chapéu. Ao seu lado, o comentarista Reinaldo Azevedo. |
Nada mais apropriado do que pluralizar o termo, passando de juventude para juventudes. Os chapeleiros são UMA juventude, nós somos OUTRAS juventudes. Eu tô do lado de cá, você tá de qual lado?
De que lado você vai sambar?
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